quinta-feira, 15 de julho de 2010

A Folha de Papel e a Tinta


A Folha de Papel e a Tinta


“Uma folha de papel, que estava numa escrivaninha juntamente com outras folhas iguais, encontrou se, um belo dia, cheia de sinais.

Uma pena, embebida em negríssima tinta, havia traçados nela vários desenhos e palavras.

- Não podias ter-me poupado a semelhante humilhação? – disse ressentida a folha de papel à tinta. – Sujaste-me com o teu negro infernal, arruinaste-me para sempre! -

Espera - retorqui-lhe a tinta.– Não te sujei, revesti te apenas de símbolos. Agora já não és uma simples folha de papel, é uma mensagem. Albergaste o pensamento do homem, tornaste te num instrumento precioso.

Com efeito, daí a pouco, ao pôr em ordem a escrivaninha, alguém viu as folhas dispersas e pegou nelas para as deitar ao lume. Mas, súbito, apercebeu-se da folha «maculada» pela tinta e resolveu queimar somente as outras, pondo no seu lugar a que continha, bem visível, a mensagem da inteligência.”
In Fábulas e Lendas contadas e escritas por Leonardo da Vinci

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